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Segurança | 02/07/2013 | 09:24

Missão diária esbarra em infraestrutura carente

Especial de Amanda Tesman, do Jornal da Manhã

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Mesmo diante das dificuldades eles não desistem, pois sabem que a missão que receberam de trabalhar para “salvar vidas” é muito maior do que qualquer problema. Número reduzido de efetivo, pequena estrutura física e falta de viaturas para atender a demanda. Estes são alguns dos obstáculos enfrentados frequentemente pelos comandantes do Corpo de Bombeiros. Hoje, no dia que é celebrado o dia do Bombeiro Militar, o Jornal da Manhã mostra o atual cenário da corporação na região Sul.

“Para trabalhar no caminhão de combate ao incêndio, precisamos diariamente de cinco pessoas, hoje contamos com duas. Para executar o atendimento na ambulância, precisamos de três pessoas, hoje temos duas”, expõe o comandante do CB de Içara, tenente Luiz Felipe Lemos. “Todo grupamento de Bombeiro Militar deve contar com 11 pessoas, hoje estamos com 10. Ou seja, contamos com um a menos, sendo que todo mês tem alguém que precisa tirar férias, licença ou fica doente”, fala o comandante do CB de Morro da Fumaça, sargento Joel Alves, acrescentando que para resolver o problema de efetivo estuda a possibilidades de juntar o efetivo do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Defesa Civil do município.

Em Criciúma, a situação não é diferente e se agrava por ter que dar suporte a outras cidades da região. “Temos um efetivo diário de sete pessoas. Contamos, ao todo, com 40 bombeiros militares. Com este número, conseguimos dar conta do recado, mas deveria ter mais”, enfatiza o comandante do CB de Criciúma, major James Marcelo Ventura.

Para incrementar o efetivo da região Sul, o comandante do 4° Batalhão de Bombeiros de Criciúma, tenente-coronel Lázaro Santin, espera receber alguns dos novos bombeiros militares que estão em formação em Florianópolis. Em novembro, a nova turma deve estar apta a desenvolver o serviço. “Criciúma precisa de 16 a 20 novos bombeiros militares. Temos que reivindicar pelo tamanho da nossa cidade. O bombeiro de Criciúma tem que ficar mais forte para dar um suporte melhor a todas as outras cidades da região. Precisamos ter uma reserva técnica de efetivo para atender demandas dos outros municípios, que são raras, mas podem acontecer”, observa Santin. Um pedido preliminar já foi encaminhado à secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR), porém foi negado, segundo ele.

Os espaços físicos são, na maioria das vezes, pequenos e tiveram que passar por adequações para a realização das atividades. Morro da Fumaça, Forquilhinha e Içara sonham com uma sede própria. De todos os municípios citados, o último é o que está mais perto de conseguir. “Este mês deve ser aberta a licitação para a construção do quartel. Esperamos que até julho do ano que vem a obra esteja concluída. O novo espaço irá atender as nossas necessidades. A atual foi adaptada”, enaltece o tenente Lemos. A nova sede ficará localizada na SC-445, ao lado da nova Guarnição Especial de Içara. “Acredito que o tempo de resposta das ocorrências vai melhorar, devido a proximidade com a BR-101 e Balneário Rincão. A cidade está crescendo, demanda de ocorrência também cresce”, completa.

Em Morro da Fumaça, o espaço físico é dividido com a Polícia Civil e Samu. “Tivemos uma reunião com a prefeitura, onde solicitamos a doação de um terreno para a construção da nova sede”, relata o sargento Alves. Forquilhinha também está em tratativa com o Poder Executivo, que prometeu doar um terreno nos fundos da Câmara Municipal para levantar a nova sede. “Hoje dividimos com a Polícia Militar. O espaço é pequeno para nós. Se conseguirmos a nova sede, a polícia poderá ficar com esse prédio e nós vamos para o outro”, comenta o comandante do CB de Forquilhinha, sargento Paulo Roberto do Canto.

A Região Carbonífera e o Extremo Sul são formados, ao todo, por 28 municípios. Destes, apenas nove contam com o Corpo de Bombeiros. Os que não possuem, tem que pedir apoio as cidades vizinhas. Em caso de incêndio a residência, até o socorro chegar, as chamas já destruíram toda a moradia. Conforme uma análise feita pelo tenente-coronel Santin, há necessidade de implantação de unidades operacionais de combate e prevenção a incêndio e atendimento pré-hospitalar em Siderópolis, Lauro Müller e Passo de Torres.

“Neste momento estamos trabalhando para construir a unidade em Passo de Torres e Lauro Müller. Para o primeiro município já conseguimos efetivo, teremos 11 bombeiros”, frisa o comandante do 4º Batalhão, acrescentando que nos próximos dias deve acontecer reunião com lideranças políticas do Extremo Sul.

Além disso, ele observa que há necessidade de construir dois Postos Avançados em Criciúma, sendo um no bairro Próspera e outro no Rio Maina, e um em Cocal do Sul. “Criciúma é a quinta maior cidade do Estado e conta somente com um quartel. Nas demais cidades, há mais de uma unidade dos bombeiros. O nosso tempo de resposta é muito grande, pois temos dificuldade de acesso ao Rio Maina ou Próspera devido ao fluxo de veículo”, ressalta o tenente-coronel.

O Balneário Rincão também deve contar com um Posto Avançado, que será útil principalmente durante o verão. “Na alta temporada, de novembro a março, atendemos diariamente 15 ocorrências pré-hospitalar. Fora de temporada os atendimentos diminuem para oito ao dia”, pontua Lemos. No verão, a população sobe para 250 mil pessoas. “A rodovia é muito movimentada. Poderemos melhorar o tempo de resposta, pois o tempo de deslocamento será menor. Este será o grande diferencial”, completa. O posto deve ser efetivado no verão.

Já os Bombeiros de Criciúma desejam construir um Centro de Treinamentos. Um terreno no bairro Cristo Redentor, nas proximidades do Centro de Treinamentos do Criciúma Esporte Clube já foi adquirido. “Assim, desafogamos o fluxo do quartel, que, por enquanto está dando conta, mas já está começando a ficar pequeno para nós”, avalia o major Ventura. Em breve será implantado em Cocal do Sul a Sessão de Atividades Técnicas (SAT), que fará a análise de projetos e vistorias.

O desejo de Ventura era poder contar com, pelo menos, mais dez bombeiros em Criciúma. Com isso, ele poderia realizar um desejo antigo, que diz respeito a ativação de mais uma Ambulância de Socorro Urgente (ASU). Atualmente Criciúma, que conta com aproximadamente 200 mil habitantes, possui apenas um veículo para realizar atendimento pré-hospitalar. “Temos um ASU em funcionamento 24 horas. É pouco para atender toda a cidade. Se tiver duas ocorrências no mesmo horário tem que esperar desocupar a ambulância ou acionar o Samu”, completa o major, acrescentando que possuem dois caminhões de combate a incêndio. Um com 5 mil litros e outro com mais de 20 mil.

Em Morro da Fumaça a maior dificuldade, segundo o sargento Alves, é a falta de um caminhão de incêndio com maior capacidade. “Temos um caminhão com 1.200 litros, que serve para atender somente um principio de incêndio. Precisamos de um com capacidade maior, com 4 mil litros, por exemplo”, solicita.

Apesar das necessidades, Santin observa que o Governo do Estado tem investido na corporação. Para a região Sul está prevista a chegada de três novos caminhões de combate a incêndio, que serão enviados a Içara, Orleans e Sombrio, quatro ambulâncias, que serão destinadas a Morro da Fumaça, Içara, Orleans e Sombrio, uma caminhonete 4x4 para combate a incêndio florestal, que ficará em Sombrio, e dois veículos leves para Turvo e Morro da Fumaça.

Todos quartéis da região contam com os demais equipamentos para resgate em terra ou água. Muitos foram adquiridos por meio do convênio com as prefeituras municipais, que repassam as taxas cobradas pela vistoria e projetos a eles. O recurso é usado para a compra de equipamentos e reforma de viaturas, por exemplo.