Segurança | 11/10/2013 | 10:42
Moradores reclamam da falta de segurança
Especial do Jornal Gazeta
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Independente de partido ou gestores, os problemas no bairro Presidente Vargas não mudam. Pelo menos é essa a alegação dos moradores, que se queixam incansavelmente da falta de segurança na comunidade. O morador Luiz Mazzuchello relata que a cada dia tudo piora. Segundo ele, nas proximidades das igrejas, jovens são encontrados fazendo uso de drogas em plena luz do dia.
“Entra prefeito, sai prefeito e nada muda. Policiamento aqui não existe. E quando damos queixa de algo, parece que eles não estão nenhum pouco preocupados com as nossas condições. Só tratam de forma urgente mesmo quando alguém está morrendo. Mas se nos queixamos desses drogadinhos que transitam o dia inteiro pelas ruas, eles não fazem questão de vir averiguar. É um total descaso com o Presidente Vargas, que é um bairro com grande potencial de crescimento, bom de morar, mas que caiu totalmente no esquecimento das autoridades”, sintetiza.
A preocupação com a segurança é potencializada quando o filho, de apenas 16 anos, está nas ruas. Mazzuchello comenta que antes o medo era quando a noite caía, mas agora é o dia inteiro, inclusive pelos assaltos que já ocorreram tanto na parte da manhã, quanto da tarde. “Quando dá 18h eu já chamo o meu filho para dentro de casa. E essa preocupação não é só minha, é geral, de todos os pais e famílias. Não queremos que amanhã ou depois, nossos filhos sejam vítimas de malfeitores que vêm para cá com o intuito de comprar ou vender droga. Existem alguns pontos aqui que até já foram denunciados para a polícia, só que nada foi feito a respeito”, respalda.
As queixas já foram levadas às autoridades, tanto políticas quanto policiais. Mas de acordo com o morador, Orlando Pereira, são feitas apenas promessas. “Eles dizem que as coisas vão melhorar, mas nada muda. Vários mercados aqui já foram assaltados, assim como farmácias e padarias. Os ladrões aqui fazem a festa e as autoridades, parece quem fecham os olhos para tudo. Eu não tenho filhos, mas sinto medo porque em cada canto a gente encontra alguém usando droga. É assim mesmo, explícito, na frente de todo mundo” avalia.
Além da falta de segurança, assim como nos outros bairros, os moradores também reclamam da falta de pavimentação. Assim como a necessidade de uma lotérica, porque hoje os moradores tem que se deslocar até outras localidades para pagar as contas. “Antes alguns mercados aceitavam pagamento como de água e energia. Só que com medo de assalto, eles acabaram abortando e nós temos que ir até outros lugares pagar. Precisamos pegar condução, que também está precária, gastamos com passagem de ida e volta, já que um bairro desse tamanho não tem essa opção. Não sei se é a prefeitura, empresa, ou como faz. Mas a administração podia incentivar esse lado. O PV poderia ser um bairro autossustentável, mas não tem investimento”, aponta Orlando Pereira.
O empresário Rudmar Freitas é proprietário do Supermercado Freitas e conta que já foi vítima de assalto cinco vezes. “Infelizmente. Todos os dias quando abro meu estabelecimento, fico um pouco amedrontado. Mas vou fazer o quê? Não posso e não tenho como parar de trabalhar. As nossas leis são muito falhas. Um bairro que antes era ótimo para se morar, tá perdendo a sua credibilidade aos poucos. Não se vê policiais e nada é feito pelas autoridades”, reitera.
Enquanto Presidente Vargas solicita projetos de incentivos aos jovens, para que eles não caiam no mundo das drogas, a comunidade do Liri já conta com um projeto social da Anjo em parceria com Fundação Municipal de Esporte. Duas vezes por semana, são atendidas cerca de 30 crianças ao dia, na sua maioria de famílias carentes, com incentivo do esporte. O objetivo é ocupar a cabeça dos pequenos para que eles fiquem o mais longe possível das drogas.
“Nós cobramos notas boas no boletim e trabalhamos com a intenção de formar melhores cidadãos. Os uniformes são cedidos gratuitamente e em pouco tempo é possível perceber uma enorme melhora dessas crianças. Praticando esportes, eles não ficam nas ruas à mercê da violência, das drogas e de outros problemas”, coloca o professor de Educação Física, Roni Domingos da Rosa.
Apesar disso, o Liri ainda caminha para ser um bairro referência em Içara. O morador Jorge Silveira diz que a segurança precisa ser intensificada. “Nós temos o posto da Polícia Militar Rodoviária e talvez isso, se compararmos o nível de violência de outros bairros, iniba os marginais. Contudo, durante a noite e nos trechos mais escuros, nós encontramos pessoas usando drogas e temos indícios também de assaltos. Se vê muito poucos policiais fazendo rondas. É preciso que eles circulem pelo bairro para que todos saibam que há policiamento. Assim, quem sabe, tenhamos mais segurança para sair de casa”, comenta.
Morando há 40 anos no bairro, Jair Moreira diz que muitas coisas já mudaram e para melhor. “Ainda é um lugar calmo de se viver, eu gosto muito do Liri e não trocaria por outro bairro. As coisas melhoraram muito com os anos. Claro que sempre tem algo que pode ficar melhor. Mas eu criei meus filhos aqui, moro aqui com a minha esposa e sei que para as famílias é muito tranquilo deixar os filhos brincarem nas ruas. Cultura que está se perdendo com o passar dos anos”, finaliza.