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Segurança | 25/03/2011 | 09:07

Pare, olhe e escute!

Especial de Fernanda Zampoli, do Jornal Gazeta

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A Lei é clara e as campanhas de orientação e conscientização para os cuidados ao cruzar a linha férrea são intensas. Ainda assim, embora não comuns, os acidentes envolvendo veículos e trens são freqüentes. O município de Içara, dentre os que contemplam a Ferrovia Teresa Cristina, está entre os principais ao engordar as estatísticas.

Na semana passada, entre as ruas Marcos Rovaris e Vitória, quando uma Toyota Hillux de Içara acabou colidindo no trem que passava por volta das 23h de quarta-feira, as duas caroneiras P.R.N.C., 33 anos e J.J.C, 23, sofreram lesões leves e foram encaminhadas ao Hospital São Donato. O motorista, nada sofreu. Conforme as informações repassadas pela polícia o condutor da camionete teria alegado estar com o som o alto e não ter percebido o barulho da locomotiva.

A alegação, conforme o técnico de Segurança do Trabalho da Ferrovia Teresa Cristina (FTC), Cleber Paes Alves, não é isolada. “A maioria diz que não ouviu o trem. Mas a legislação e as placas indicativas são claras. Primeiro tem que parar, depois olhar e escutar”, salientou. De acordo com o Artigo 212, inciso XV, do Código de Trânsito Brasileiro, deixar de parar o veículo antes de transpor a linha férrea é infração gravíssima, sujeita a perda de sete pontos na Carteira de Habilitação Nacional e multa de 180 UFIRs. Já o Artigo 29 prevê que os veículos que se deslocam sobre os trilhos têm preferência de passagem aos demais.

A Linha principal da Ferrovia Teresa Cristina abrange 12 municípios de Imbituba a Forquilhinha. São dois ramais, um de Criciúma a Siderópolis (ramal Treviso) e o outro de Esplanada a Urussanga (ramal Urussanga). Somente no ano passado, nos 164 km da estrada de ferro, foram 15 acidentes registrados, sendo que dois deles em Içara. Este ano do total de três, a Capital do Mel contribuiu com um. Os números, segundo ele são consideráveis, já que a proposta é para que o saldo seja de zero. “Independente de acidentes, trabalhamos pela prevenção, mas muitas vezes não conseguimos mudar isso nos condutores. Deveria ser reforçado ao renovar a carteira de motorista ou fazer a primeira habilitação”, destacou.

Cleber faz um alerta também para os pedestres. “Tanto pedestres quanto motoristas se confiam às vezes que dá tempo de passar, mesmo vendo o trem. Mas o freio de emergência leva de 100 a 150m para parar”, sublinhou. Uma locomotiva pesa 80 toneladas, um vagão vazio pesa 20 toneladas e com carga vai para 80. “Há viagens com 18, 36, 54, 57 vagões, dependendo da programação de locomoção. Ou seja, um trem pode pesar de 1500 a 5 mil toneladas”, ressaltou.

O técnico de segurança orienta a sempre respeitar as indicações de trânsito como melhor forma de prevenção. “Sempre alertamos para respeitar a ordem da sinalização. Parar, olha e escutar. E as pessoas, para que não andem na pela linha porque o maquinista não tem como saber, por exemplo, se a pessoa tem problema auditivo”, recomenda.

Desde 1997, a FTC investe em ações de prevenção de acidentes e segurança. Periodicamente, a empresa lança campanhas educativas e de conscientização a comunidade para a presença da ferrovia e os cuidados em relação às passagens de nível e com o trem. Além disso, a inspeção freqüente das condições do material rodante (locomotivas e vagões) e da Via Permanente é realizada com o objetivo de eliminar as condições inseguras, assim como a investigação de todos os acidentes de tráfego, com apuração de suas causas, elaborando as recomendações necessárias para a sua prevenção e realização de treinamentos constantes de Segurança do Tráfego com a participação de todos os colaboradores.


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