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Segurança | 17/07/2010 | 08:36

Vitimadas dentro de casa

Larissa Matiola (Jornal Gazeta) - jornalismo@gazetasc.com

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Primeiro foi um empurrão. Mas logo começaram os beliscões. Assim foi o namoro de dez meses entre *Aline e * Alexandre. Após o casamento, as agressões passaram para puxões de cabelo. E não demorou muito para que Aline levasse o primeiro tapa no rosto. Foi após uma discussão, onde Alexandre estava sob o efeito de bebidas alcoólicas.

Com o passar dos dias, as brigas entre o casal passaram a ser regadas a xingamentos, ofensas morais e agressões, tanto psicológicas quanto físicas. Aline até tentou o divórcio, mas as promessas de mudança feitas por Alexandre fizeram com que ela retomasse a relação. Após alguns dias de demonstração de carinho, Alexandre voltava com a posição ofensiva. E numa séria discussão, Aline foi novamente agredida. Resolveu então procurar a Delegacia de Proteção a Mulher. Só que ao chegar ao local, decidiu pedir apenas informações sobre como denunciar uma suposta agressão. Dois anos se passaram. E dentre idas e vindas, a mulher mantém a relação com a esperança de que o marido possa mudar.

O caso é apenas um entre muitos que acontecem no país, onde a cada 15 segundos uma mulher é vítima de violência doméstica. Dessas, dez são mortas diariamente em decorrência de agressões. Contudo, os crimes ganham destaque apenas quando envolvem celebridades. Na Delegacia de Proteção a Mulher, Criança, Adolescente e Idoso de Criciúma, 40 Inquéritos policiais de agressão a mulher são abertos diariamente. Entretanto, segundo o delegado Antonio Marcio Campos Neves, o número de registros é ainda maior.

“Isso acontece, porque a lei determina que alguns crimes dependam da autorização da vítima para ter seguimento. A mesma, em muitos casos, opta por não levar o inquérito adiante”, revela a autoridade policial. Ele ainda informa que, felizmente, 99% das ameaças não são cumpridas. “Mas o preocupante é que 99,9% das mulheres que registram queixa contra seus companheiros retiram a representação e voltam a ser agredidas. O único caso onde a representação não pode ser retirada é de lesão corporal, por isso muitas mulheres vem até a Delegacia, mas optam por não registrá-la”, lamenta.

ESTATÍSTICAS - Dentro dos crimes considerados de violência doméstica, em primeiro lugar está a ameaça contra a vida, seguida pela lesão corporal e ofensas morais. Conforme o delegado Antonio Marcio, a maior parte deles está ligada a dependência química, mais precisamente ao uso do crack e do álcool. Os agressores seguem a faixa etária de 20 a 40 anos. “Só não temos estatística para a classe social, pois em todas as camadas da sociedade o crime é cometido”, ressalta.

*Os nomes são fictícios para o não constrangimento da vítima